MINHAS ESCULTURAS DE PAPEL MACHE

        EXPRESSÕES DO COTIDIANO





         Hoje, não só nas grandes metrópoles, mas também nas regiões castigadas pela natureza, nos deparamos com cenas da vida urbana que muito nos comovem, onde as oportunidades são raríssimas. Diante dessa vida dura e sofrida, há uma grande parte da população que tem de lutar para sobreviver no campo, nas ruas das cidades, nos vilarejos e favelas. São pessoas perseverantes e resignadas com essa condição desumana, que inconscientemente revelam, através dos olhares, das marcas do tempo sulcadas em seus rostos, todas as angústias, medos e sonhos.
          O desejo de trabalhar dentro desse universo social, surgiu há muito tempo, ao observar e conviver diariamente com o modo de vida dessas pessoas simples, excluídas pela sociedade, onde o emprego, a escola e a moradia são privilégios de poucos, mas que, apesar dos obstáculos encontrados, têm a capacidade e a altivez de enfrentar essa dura realidade e ainda assim, conseguir sobreviver com uma certa dignidade. Com uma visão crítica e solidária, essas pessoas foram observadas e serviram como fonte de inspiração para a criação das esculturas, as quais foram utilizadas como veículo para traduzir os olhares, os gestos, as atitudes, enfim, as expressões desse povo sofrido.
         A sensibilidade fez aflorar um certo inconformismo que influenciou o meu estado de espírito e caracterizou toda a minha obra. Para materializar este sentimento, descobri, na escultura, o veículo mais eficaz para gerar uma reflexão sobre o problema abordado, além de permitir a minha realização pessoal. As pesquisas teóricas revelaram que alguns elementos presentes em meus trabalhos assemelhavam-se às características encontradas nas esculturas de Rodin, Matisse e, principalmente, Giacometti.
         A massa de papel MACHÊ foi escolhida para a produção das obras devido à grande facilidade no seu manuseio, à maleabilidade, à resistência, e ao baixo custo, permitindo inúmeras possibilidades de aplicação e efeitos estéticos.
        Então, utilizando a técnica de modelagem com o  papel machê, realizei uma série de obras expressivas nas quais externei a minha indignação diante de um contexto social, reafirmando os pontos de semelhança com as influências acima citadas, sem, no entanto, declinar das características pessoais que identificam esta produção escultórica.


 QUESTÕES SOCIAIS 

•   É uma produção escultórica que retrata pessoas simples, humildes, do campo e dos centros urbanos, fontes de minha inspiração;

•   Busquei expressões e sentimentos nas atividades rurais ou braçais de execução difícil; nos trabalhos domésticos, no trabalho infantil e nas brincadeiras ingênuas de crianças que expressam os sentimentos e as dificuldades vividas por cada uma delas.

•   Fiz então vários desenhos retratando as cenas do cotidiano dessa parcela carente da sociedade e, em seguida, escolhi aqueles de maior expressividade.



INFLUÊNCIAS




                      






                                              

      Giacometti, a principal influência, por buscar uma   nova maneira para as relações entre a forma e  espaço, ao modelar a figura humana. Suas    esculturas são alongadas, muito finas, sinuosas e     cheias de expressividade.    


                                                                 

Auguste Rodin: The Old Courtesan

                               







•   Auguste Rodin (1840-1917), por retratar a expressividade da figura humana em movimento e desprezar o aspecto externo de acabamento.




Henri Matisse's sculpture The Serpentine


 












  Henri Matisse (1869-1954, por produzir esculturas sinuosas, tensas e emocionais, com deformações, em parte suscitadas pela incidência da arte negra cujos detalhes eram também desprezados.









Fonte:
GOMBRICH, E. H. A história da Arte / Gombrich E. H: tradução de Álvaro Cabral. 16ª ed. Rio de Janeiro: Editora LTC S.A. 1994.
KRAUSS, Rosalind E. Caminhos da escultura moderna / Rosalind E. Krauss: tradução de Julio Fischer. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1998.
TASSINARI, Alberto. O Espaço Moderno. São Paulo: Cosac & Naify, 2001.

TUCKER, William. A Linguagem da Escultura. SP: Cosac & Naify, 1999.
WITTIKOWER, Rudolf. Escultura. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Rodin
http://www.rodinmuseum.org/



  

  ANALISE DAS OBRAS   



    No aspecto estético, pode-se perceber a influência de Giacometti nas figuras alongadas, muito estreitas e deformadas; as características próprias ficam bastante evidenciadas nos detalhes dos olhos, nos gestos, nos movimentos, nas vestes e apetrechos que compõem as personagens, enfim, na opção pela expressividade de cada figura. Cada escultura tem uma história. Foram produzidas dentro de um contexto, então, detalhes como um rosto triste, as rugas, um sorriso, são marcas expressivas que caracterizam o trabalho.

 



CROQUIS





















ESCULTURAS

 

 




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